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Henrique VIII, Ana Bolena, Elizabeth I e a Torre de Londres

Henrique VIII, Henry, era filho de um aristocrata, e como os aristocratas se digladiavam, o pai acabou vencedor e fez do filho rei da Inglaterra, iniciando a dinastia dos Tudor. Assumiu em 1509, mostrando-se um jovem inteligente, instruído, vigoroso e cheio de ideias, apreciava artes e música, introduzindo na Inglaterra uma corte Renascentista. O povo, então, depositou esperança.

Porém, os historiadores ingleses afirmam que Henrique mudou o mundo por ser o rei mais tirano, cruel, egoísta e paranoico que a Inglaterra já vira. Era inseguro, porque sabia que havia outros personagens da corte com mais legitimidade do que ele para ser rei. Com imenso ego dizia que o que ele queria era o que Deus queria. Exigiu ser chamado de "Sua Majestade", quando até então os reis eram chamados de "Senhor".

Acreditava nos boatos da corte, assim, um dia estava bem com alguém, no outro mandava decapitar. Iniciou essa paranoia condenando um nobre sem provas, o Duque de Buckingham (o Palácio de Buckingham foi comprado de sua família, anos mais tarde), mas na verdade era porque o guilhotinado tinha sangue real, e todos os aristocratas eram suspeitos para esse rei. Assim, a porta para os plebeus se abriu. Como detestava administrar, Henrique VIII escolheu como assessor filho de um açougueiro, o cardeal Thomas Wolsey, para garantir sua lealdade.

Wolsey tinha uma mãe com diploma de bacharelado, que fez o filho sacerdote, depois alcançando o título de Cardeal, tendo sido fisgado do cargo de esmoler (função que distribuía dinheiro aos pobres nas portas dos palácios), e indicado pela igreja católica para ser o confessor de Henrique VIII. Wolsey passou a ser odiado pela corte, porque a nobreza dominava a corte, mas não o rei, e o rei, que o escutava, agraciara Wolsey com a riqueza. O esperto Cardeal, um mestre em finanças, mantinha sempre “positivo” o saldo do rei esbanjador. Em 1515, Wolsey construiu para ele mesmo o mais esplendoroso palácio da época, o Hampton Court, Palácio que vale a pena visitar, especialmente na época dos festivais (somente em 1760 a Rainha Vitória abriu este palácio ao público).

Wolsey nomeou um plebeu para assessorá-lo, Cromwell, filho de ferreiro para lhe ser fiel, porque era um ás em política e leis. Mais tarde este estudou Direito e tornou-se Membro do Parlamento Inglês, tendo sido responsável pela lei de Reforma da Inglaterra.

Henrique VIII era casado há 20 anos com a Princesa da Espanha, Catarina, que só teve uma filha mulher, e para piorar sua situação entrara na menor pausa. Eis que entrou no palácio a filha de um embaixador do reino inglês na França, Ana Bolena, educada em Paris. O rei se encantou e quis torná-la sua amante, ele também já teria a irmã de Ana, a doce Maria, como sua amante. Ana Bolena, esperta, queria ser rainha e exigiu que para tê-la, ele deveria se divorciar da esposa. Ele então encarregou Wolsey de conseguir seu divorcio com o Papa. Wolsey sabia que o Papa não concederia o divórcio, além de odiar Ana Bolena, e foi protelando a missão. Até que Ana fofocou ao rei que Wolsey era um traidor, que não se comunicara com o Papa. Caiu Wolsey e subiu Cromweel, sendo que o primeiro tentou agradar o rei dando-lhe de presente o Palácio de Hampton Court, tornando-se uma das moradias do rei. Contudo, de nada adiantou, o rei não o perdoou (presença de Henrique VIII era tão forte, que dizem que até hoje sua alma vaga no palácio). E Wolsey morreu de depressão antes de ser condenado.

Anne Boleyn

Depois Henrique VIII, um católico radical, encontrou livros da Reforma Protestante no quarto de

Ana Bolena, mas ela o convenceu de que os reformistas não aceitavam o Papa, e que ele sim deveria assumir o lugar do Papa enquanto rei, e assim autorizar o próprio divorcio. Ele foi influenciado, fundindo o reino com a religião, ou o poder temporal e o espiritual. Contudo, iniciou-se uma tremenda guerra civil entre católicos, que eram a maioria, e os protestantes.

Ana Bolena só lhe deu uma filha, e Henrique, por sua paranoia, revoltado porque Cromwell lhe fofocou que Bolena fez sexo com o próprio irmão para tentar dar um herdeiro ao rei, mandou decapitá-la pelo crime de incesto, na Torre de Londres. Depois Henrique casou-se com sua amante Jane Seymour, que morreu de parto ao lhe dar um herdeiro. Após, ele casou-se e divorciou-se de Ana de Cleves. Casou-se com Catarina Howard, uma tola desvairada, e mandou executá-la por traição sexual. Por último casou-se com Catarina Parr que sobreviveu a ele.

Dizem que Henrique VIII morreu, porque suas feridas de combates não cicatrizaram e o corpo apodreceu. Depois, pesquisadores levantaram a suspeita de que ele era diabético, comia muito, engordou e passou a viver deitado. Subiu ao poder seu filho Edward I, filho de Jane Seymour, mas este morreu tuberculoso aos nove anos. O sucedeu a primeira filha de Henrique que era filha de Catarina, Mary I, esta, católica radical, mandou queimar na fogueira todos que fossem contra ela, combatendo Lutero, Calvino e todos os reformistas. Aqui lembro um ditado brasileiro: “Quem puxa aos seus não degenera”.

A filha de Ana Bolena, Elizabeth, fora levada do reino por sua tia Maria, porque o rei tinha alguma consideração pela antiga amante. A rainha Mary, paranoica também, mandou prender Elizabeth na Torre de Londres, acusando-a de querer o trono. Todavia, Mary morreu, e a filha de Ana Bolena subiu ao trono como Elizabeth I, que continuou as reformas das leis iniciadas no reinado de seu pai.

Cresci ouvindo minha mãe, Maria Amália Vaz, contando a história de Ana Bolena. E perco o fôlego ao comprovar o discriminado papel da mulher na história das cortes.

Fiz esta foto no lugar onde Anne Boleyn foi decapitada, na Torre de Londres.

ESCRITO POR MARLENE VAZ

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