O COLISEU QUE EU VI E APRENDI TANTO!
- marlavaz
- 7 de abr. de 2016
- 4 min de leitura

Foi emocionante ver as ruínas do Coliseu, “lL Colosseo”, em Roma. Foi construído pelo Imperador Vespasiano, em 72 d. C., e Roma foi, durante mais de 500 anos, a maior civilização ou o maior império do mundo.
Embora tenhamos aprendido na escola que aquele imperador construiu o Coliseu para ser um anfiteatro para diversão dos nobres e do povo, aprendi lá, nessa viagem, com um guia PHD em História Universal e professor da Universidade da Itália, que aquele local fora o palácio construído por Nero, onde ele também mandou construir um enorme lago artificial. E que Vespasiano, numa visão política, queria mostrar ao povo que o local onde Nero se divertia com seus pares, agora seria do povo. Além disso, ocupava o tempo de muitos desempregados, evitando furtos e saques. Grande saque político!
O primeiro passo de Vespasiano foi drenar esse lago construído no império de Nero, utilizando um sistema de valas para escoar a água até o Tibre (Tevere, rio que nasce na Toscana).
Roma tinha a maior densidade populacional já vista. Vespasiano ordenou um anfiteatro para 55 mil pessoas, com paredes de 50 metros de altura, com muita comida (daí a expressão “pão e circo”) e um sistema de segurança com entrada e saída muito rápida (dando um banho de genialidade nos sistemas de segurança fuleiros como temos visto no Século XXI).
Havia ingressos de cerâmica com o número do assento. Quando entravam, de acordo com o número, lá estava o portão a entrar (lembrei-me do sistema do embarque do aeroporto de Tókio). Porém, o lugar de sentar no Coliseu definia o status do espectador. Às mulheres era destinado o último piso, o lugar mais distante, junto com os prisioneiros, onde os pombos faziam cocô. Ninguém merece! Até tu, Coliseu? Também, como símbolo de status, os ricos tinham maior número de saídas do anfiteatro.
Não se tem registro do nome do arquiteto do Coliseu, até porque Vespasiano abriu as fronteiras de Roma para receber ideias inovadoras de outros povos, especialmente dos etruscos (estes construíram a grande cloaca de Roma, uma genialidade que ainda está lá), talvez, imagino eu, daí a expressão: “Todos os caminhos levam a Roma”. Usaram concreto, feito da mistura de larvas ou cinzas de vulcão, cal e cascalho. Sabe de onde vieram as cinzas? Da erupção do Vesúvio que destruiu Pompéia! Esse concreto foi mais resistente que o nosso de hoje em dia. Por isso resiste aos séculos.

Os gregos inventaram as colunas. Os romanos inventaram os arcos que, na forma semicircular sobre colunas aguentavam grandes pesos. Usaram guindastes para a construção, aliás, já usavam guindastes para a construção dos 10 aquedutos que distribuía água para sauna, fontes, etc.(alguns ainda vistos). Imaginem que o Coliseu tinha um teto retrátil, o velárium, que vemos no local até hoje, para os dias quentes e os dias chuvosos. Trata-se de uma lona de embarcação, puxada por cordas e polias, que cobria os espectadores. Foi uma experiência obtida com marinheiros romanos, mil deles de elite, que puxavam o velárium, por isso esses marinhos ali residiam. O anfiteatro tinha bebedouros e banheiros públicos. Para refrescar, máquinas borrifavam os expectadores com água misturada a perfume (copiamos essas máquinas borrifando água em estádios, hoje em dia). Todas as provas dessas maravilhas estão lá, nas ruínas. E, até, hoje, os grandes estádios do mundo copiam a tecnologia do Coliseu. Wembley Stadium, por exemplo, é um deles.
E tinha mais tecnologia. Uma rede de aqueduto para encher o piso do Coliseu com 1 e ½ m de água, criando um lago, para que se travassem as batalhas navais simuladas, que eram um sucesso entre os espectadores, ao mesmo tempo em que treinavam os marinheiros para a guerra. Provavelmente, adaptaram os aquedutos que traziam água dos rios para encher o lago de Nero. E também para escoar essa água até o rio Tibre. Tudo está lá para comprovar! Porém, depois de uma década, essas batalhas foram trocadas por outros jogos. Isso prova que a massa é insaciável, cansa-se das novidades muito facilmente. Construíram também uma espécie de elevadores, movidos a mão, como alçapões, para jogar leões sobre prisioneiros ou para lutar com caçadores treinados.
Sabemos também que aí eram travadas famosas lutas entre os gladiadores, com morte e sangue, e o povo aplaudindo. Nas tragédias gregas encenadas, se alguém teria que ser assassinado, um prisioneiro era escolhido para o papel e este era assassinado perante a plateia. Torcendo também pelo espedaçar dos prisioneiros de guerra que eram jogados aos leões, o povo gritava: morte, morte. E, nos momentos de indecisão, o imperador, com seu voto de Minerva, colocava o polegar para baixo, símbolo de: matem!
Fiquei sabendo pelo guia que não era apenas no Coliseu que os cristãos eram sacrificados aos leões. Era também e, mais frequentemente, no Circo Máximo, bem amplo. Também vi lá as ruínas desse circo e das colunas do entorno, e o restante destruído. Há uma sombra de tristeza no chão coberto por grama. Eu diria: um local melancólico.
Todos esses vestígios de arquitetura e engenharia deixaram suas marcas de genialidade, pois até hoje podemos comprovar, in loco, o avanço dos romanos. Todavia, há também amostras de sangue humano. Senti um mal estar, um frio na espinha, ao pisar no local onde seres humanos foram sacrificados para a alegria histérica de humanos, que naquele momento retornavam ao estado primitivo de apenas animal irracional, gritando por ver sangue.

Por outro lado, fiquei dividida entre minha identidade de socióloga expressada nos ditos populares: “Cada roca com seu fuso, cada terra com seu uso”, “Em Roma como romano”, e minha humanidade conectada aos direitos humanos. Sempre estarei dividida nas minhas identidades, pelo mundo a fora.
Para que escolhi estudar sociologia? Eu poderia ser muito mais feliz se alienada fosse. Por outro lado, perderia a chance de enxergar coisas que poucos veem viajando pelo mundo.
Komentarai