Chenonceau, meu castelo favorito!
- marlavaz
- 12 de mar. de 2016
- 3 min de leitura

O Château de Chenonceau, na Região do Vale de Loire, França, é conhecido como o Castelo das Sete Mulheres, porque fora até então, o único castelo na história desse país administrado por mulheres.
Foram identificadas como mulheres de personalidade forte, duas delas rainhas da França. Cada uma deixou suas marcas. Certamente, se houver outras vidas, morei lá um dia, fui uma das sete mulheres. É meu castelo preferido. Estive lá três vezes e, quem sabe, ainda voltarei.
O primeiro castelo foi construído no local de um antigo moinho, em posição dominante sobre as águas do Rio Cher, no séc. XI.

Em seguida, passou de mão em mão, uma complicada história, sendo que o último proprietário era casado com Catherine Briçonnet, e esta supervisionou toda a obra, daí começando a influência das mulheres. Todavia, acabou em poder do Rei Francisco I, por débitos do proprietário à coroa. Depois da morte do rei, em 1547, Henrique I, casado com Catarina de Médicis, ofereceu o castelo a sua amante, a famosa Diane de Poitiers, que deixou fortes marcas nas reformas, como a ponte arcada juntando o palácio à margem oposta do rio Cher, decorações com os manogramas FD entrelaçados, para sedimentar seu poder, e um lindo jardim em quatro triângulos.
Ela recebeu o poder de reformar e gastar quanto quisesse, mas o palácio continuava em nome da coroa francesa. Porém, esperta, conseguiu registrar legalmente em seu nome. Quando o Rei Francisco I morrreu, sua mulher Catarina de Médicis despejou Diana da propriedade, mesmo não pertencendo à coroa, isolando-a no castelo Chaumont-sur-Loire.
Catarina tornou esse castelo sua residência preferida. E como regente da França pode gastar fortunas em obras e decoração, fazia festas memoráveis, inclusive na coroação de seu filho Henrique II fez uma festa, pela primeira vez na França, com fogos de artifícios (os chineses já estavam lá com a sua invenção da pólvora ou made in China). Contudo, sendo uma mulher de visão, mandou plantar vinhendos nos campos do castelo, para fazer e comercializar vinhos, como uma fonte de sustentabilidade da propriedade. Mulher à frente de sua época. Notável!

Em 1557, Catarina mandou construir um aposento de dois andares sobre a ponte que fora construída por sua rival. Na parte de cima, construiu um salão com 60 metros de comprimento, no estilo Versailles, que ainda podemos percorrer, pena que vazio. Porém, meus olhos enxergaram como fora decorado no passado.
Catarina também construiu um lindo jardim, para reduzir o poder do jardim de Diane, e recebeu aí a Rainha inglesa Mary Stuart, quando esta visitou a França, em 1560. A recepção com mil pessoas, durou vários dias.
Com a morte de Catarina, em 1589, o palácio passou para sua nora Louise de Lorraine-Vaudémont, esposa de Henrique III.
Aí em Chenonceau ela recebeu a notícia da morte de seu marido, rei que foi decapitado, e surtou (contarei sobre ela, em outro texto). Viúva, mandou pintar o quarto de preto, com simbolos de flagelação cristã, além de uma cômoda onde guardava esses tais aparelhos, se auto-flagelando diariamente.
Contam que passou o resto dos seus dias, com roupas de dormir na cor preta, vagueando sem destino ao longo dos vastos corredores do palácio. Nesta fase,as grandiosas festas cessaram, passando o palácio a viver em luto.
Em 1624, a amante de Henrique IV, Gabrielle d'Estrées, habitou o palácio. Para não aumentar a história, depois vieram: Françoise de Lorraine, Madame Louise Dupin (esta conseguiu preservar o palácio da revolução francesa, através do expediente populista de tornar-se amiga dos aldeões, até mudando o nome de Chenonceaux para Chenonceau, tirando o “X”, símbolo da nobreza). Depois, tornou-se dona do palácio a filha de Daniel Wilson ( o escocês que enricou instalando o sistema de gás em Paris), mas ela gastou tanto com as festas que arruinou o pai.

Em 1951, a família Menier restaurou o palácio (algumas peças já estavam em Versailles), mostrando hoje uma arquitetura gótica e renacentista. Pode-se apreciar quartos, salões, com decorações renascentista preciosas.
A primeira vez que estive lá, apontando para o extenso gramado, perguntei ao guia onde estava a cavalariça. Ele respondeu, surpreso: “exatamente onde você está apontando”. Também passei as mãos nas pedras das torres, como algo familiar.
E alguém me perguntou onde era a cozinha. Diante de quatro escadas desci extamente a que dava para a dorável cozinha!
Na segunda vez passei de barco, examinando meus domínios. Na terceira vez fui com minha querida filha, perfeita acompanhante de viagem, e à medida que eu ia contando a ela a sedutora história, várias pessoas nos seguiram, acreditando que eu fosse uma guia.
Qual destas sete mulheres fui no passado? É segredo. Porém, quem sabe, um dia contarei.
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