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A Varsóvia que Eu Vi


Varsóvia, em polonês Warszawa, ou pertencente à Warsz. Trata-se da abreviatura de Warcislaw. O povo atribui este nome Warcislaw a um pescador casado com Sawa.Conta a lenda que um dia uma sereia decidiu sair do rio e ver como era a cidade. Um rico comerciante a viu e aprisionou-a. Tempos depois, o pescador Warszawa libertou a sereia. Ela, em agradecimento, resolveu ficar na Praça para defender a cidade. A estátua está aí desde o séc. XIV, tornando-se o símbolo de Varsóvia.


De verdade mesmo, Warsz foi um nobre do século XII/XIII que possuía uma vila localizada nesse lugar.


Varsóvia é a maior cidade e capital da Polônia. Alí, esquecemos o Rio Danúbio que vem nos acompanhando nas estradas do Leste Europeu, e passamos a conviver com o Rio Vistúla. É interessante como todas as cidades do Leste Europeu têm identidade com o rio que as atravessa, algo parecido com o Rio Amazônas na nossa Região Amazôníca.



Varsóvia possuía cerca de um milhão e trezentos mil habitantes, em 1939, dos quais 35% eram judeus. Um ano depois os alemães prenderam 450 mil judeus em um gueto, sendo enviados aos poucos para os campos de concentração. Os poucos que ficaram no gueto foram exterminados depois da revolta judaíca de 1943. Logo após, a cidade foi alvo de destruição total, uma vingança de Hitler contra a revolta comandada pela resistência polonesa.


Porém, Hitler teve logo sua resposta, porque numa luta dos poloneses contra alemães, que durou 63 dias, os alemães foram derrotados, embora com significativo número de mortos polacos. Quando Varsóvia foi libertada pelos russos, havia pouco da população polonesa. Por isso a reconstrução de Varsóvia, que foi minunciosa e perfeita, contou com a ajuda de judeus que viviam em outros países.


A cidade é toda cercada com muralhas da Idade Média e do Renascimento, muralhas que foram reconstruídas fielmente, após a Segunda Guerra. Nessas muralhas foram colocados os nomes de poloneses de todo o mundo que doaram dinheiro para reconstrução de Varsóvia. Fotografei, inclusive, uma placa com o nome de uma família judia polonesa que residia em Santa Catarina, Brasil.


Há uma estátua que me comoveu. Um menino com um enorme chapéu, uma homenagem às crianças e adolescentes mortos que lutaram contra alemães em 1944. Imaginem, eles foram armados para lutar na 2ª Guerra.


Vi também a estátua do mais famoso sapateiro de Varsóvia, um vencedor, que comandou uma tropa numa inssureição contra nazistas, em 1944. Era uma batalha prevista para durar muito tempo, mas que foi resolvida em 02 dias.


Na Praçaa Maior, linda, adorável, eram proferidos discursos, e onde os réus eram condenados. As construções barrocas com elementos clássicos datam do séc. XIII. Informo que a UNESCO tombou todo o centro histórico como Patrimônio da Humanidade.


Existe um museu denominado Wola(só pude ver muito rápido, não vi tudo), comemorativo da vitória polonesa contra o nazismo (ou nazis). As peças e fotografias narram toda a história da 2ª Guerra. Vi motores e carcaças de aviões, canhões, etc. Emocionante, você volta no tempo. Penso que museus são as máquinas de ficção científica que nos transportam ao passado.


A cidade é sede de numerosas indústrias (bens de consumo, aço, engenharia elétrica, automóveis), instituições de ensino superior, como a Universidade de Varsóvia, Universidade Tecnológica de Varsóvia, Escola Superior de Gestão, Academia Médica, etc., e uma orquestra filarmónica premiada internacionalmente. O Teatro Nacional e a Ópera, em estilo neoclássicos. A capital tem inúmeras igrejas, com realce para a Catedral de São João (século XIV) no estilo gótico, onde assistimos um casamento que se celebrava; e a Igreja de Santa Cruz, que foi reconstruída no século XVI.


Contudo, o moderno Palácio da Cultura e da Ciência causa polêmica, pois a construção foi uma “doação dos russsos” o que indignou os polacos, pois depois da 2ª Guerra foram invadidos pelos russos. Hoje, convive-se com essa torre e seu relógio que é vista em qualquer ponto da cidade, porém foi minimizado o desconforto ao abrigar as artes e as ciências.


Da varanda do apartamento do hotel eu via, à noite, com luzes esplendorosas, a Torre com o relógio do Plácio da Cultura e da Ciência. E eu assombrada com tanta beleza!


E ainda, o Palácio Belvedere; na parte oriental da praça se levanta o maravilhoso Castelo Real Zamek Królewski, de estilo barroco inicialmente, depois acrescidos de elementos góticos e a fachada rococó, reaberto no início dos anos oitenta, sendo que, em 1994, o presidente Lech Valessa passou a residir alí.


Depois vemos os Plácios das Famílias nobres Radziwiłł e Potocki; os conventos e a residência Real de Verão (1680), onde reinou o soberano Estanislau II, o último rei da Polônia.


Ao sul da Praça do Mercado fica a Torre Barbacana e as ruínas medieval. Difícil subida, depois de andar tanto, eu e muitos do grupo começamos a rir dizendo, “só nos empurrram ladeira acima, nem sabemos mais onde entramos e onde saíremos”, pois eram tantas as torres e castelos, que já nem conseguimos mais absorver tanta informação! Corpo e cérebro esgotados!

Saindo de Barbacana, percorrendo de sul a norte, destaca-se a Igreja dos Dominicanos, a Casa de Sansão, neoclássica, em cuja fachada pode-se contemplar cenas da vida de Sansão e Dalila, e a Casa Museu Marie Curie, Nobel de Física em 1903, pioneira nas pesquisas de radioatividade, e oito anos depois, Nobel de Física em 1911, por ter a descoberto o radio e o polônio. Ela não patenteou suas descobertas doando-as à humanidade. Que mulher!


No fim de uma manhã, tomei café com os doces poloneses de lamber os dedos, no Stoki Stony, um restaurante ecológico, além de lindíssimo. Depois cheguei ao restaurante Ctzery Pory, estilo anos 30, belíssima decoração, onde servem a comida do Mediterrâneo. Contudo, só belisquei a delícia e degustei uma taça de vinho, pois não tive fome para almoçar. Quem me mandou comer tantos doces polacos?



Toda a Varsóvia é entremeada de longos parques, cheios de árvores frondosas, muitas plantas e flores. É uma visão atordoante, ao vermos tamanha conservação do meio ambiente! Num parque foi erguido um monumento ao astrônomo Nicolau Copérnico.



Porém, para mim, o maior destaque em Varsóvia é o Parque Lazienkowski e o Palácio Vilanów. Para nós viajantes um presente.O povo polonês estava festejando, 2010, os 200 anos de nascimento de Fryderyk Chopin, seu filho mais adorado, tanto que o aeroporto internacional tem o seu nome. Sobre o Chopin de Varsóvia, falarei em outro dos meus contos de viagens.


Meus cumprimentos ao povo de Varsóvia que sofreu Duas Grandes Guerras e a Invasão dos Russos, ou seja, foi totalmente destruída, e reerguei todo seu patrimônio histórico, exatamente, como era antes.


Siugiro a quem quiser saber mais sobre a crueldade dos nazistas na sobrevida imposta e na matança aos judeus, isolados num gueto em Varsóvia, que leiam o livro “Os Anagramas de Varsóvia”, de Richard Zinler, da editora Record. Os relatos deste livro continuam grudados em mim.





ESCRITO POR MARLENE VAZ

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