top of page

A História de Ana da Bretanha, Musa de Karl Marx


Vários amigos me perguntam. Você disse que foi ao interior da França. Como é isso, a Bretanha não é na Inglaterra?

Explico. Um povo, os bretões, fugiu da Inglaterra por causa da Invasão dos Vikings (estes aprontaram pelo mundo!), estabeleceu-se nessa Região criando o Ducado da Bretanha (estou contando bem levinho, porque a história é muito longa!). O Ducado da Bretanha foi independente de 841 a 1532, mas isto foi depois de muita peleja, não pensem que foi fácil, uma briga de nobres com o rei da França (só queriam a grana dos nobres, porém nada a ver com Marie Anttoinete).

Em 952 a Bretanha entrou numa crise dinástica (não confundir com Marla para quem fazer ginástica é um estado de crise), sendo pacificada em 990, com o Conde Conan de Reines (não confundir com o herói do filme hollywoodiano “Conan, o Bárbaro”). Entre 1341 e 1364 (bons números para jogar) a Bretanha viveu a Guerra de Secessão, terminando com a vitória de Montfort, um ramo júnior da família da casa Dreux (uma espécie do júnior ACM Neto, aliás, brilhante jovem político baiano). Depois veio o Duque Francisco II, que teve uma filha, Ana.

A Bretanha experimentou na sua história a mistura de duas culturas, inglesa e francesa. Por sorte (e para meu prazer) prevaleceu a cultura francesa. Apesar de que eu torço pela Rainha Elizabeth (porque é rainha de verdade!) e amo o charme do príncipe Charles.

Ana da Bretanha (1477 – 1514) foi Duquesa da Bretanha e por duas vezes rainha consorte da França. Nasceu no Ducado da Bretanha, filha e única herdeira do Duque Francisco II da Bretanha (já citado) e de Margarida de Fox (não confundir com o canal Fox), sendo esta filha dos reis da Navarra,Leonor I de Navarra e Gastão IV. Esse Gastão aí não era o primo de Pato Donald, aquele almofadinha que quer conquistar Margarida. Deixando isso pra lá, o que importa é que Ana era neta de reis.

Quando seu pai morreu, Ana recebeu um monte de títulos e um monte de grana, sendo considerada por muitos como a mulher mais rica da Europa (isso porque a Europa não vivia a crise que vive hoje). Ao se tornar Duquesa da Bretanha ela, muito esperta, decidiu se casar com um homem forte, para que os reis da França não tomassem sua fortuna, como fizeram com muitas famílias ricas. Todo mundo sabe como os reis são, só que atualmente “os reis” do Brasil exploram a classe média com inúmeros impostos e baixos salários, e sangram de impostos os pequenos empresários, portanto só mudaram os nomes e suas as siglas, pois de resto continua a usurpação dos ganhos dos que trabalham honestamente para ter qualidade de vida e não apenas para comer 03 vezes ao dia, ver televisão e ir dormir, mas também aqui ninguém faz a “revolução francesa”.

“De boa”, Ana selecionou e escolheu o Arquiduque da Áustria Maximiliano I (pelo menos este foi original, era o Maximiliano 1º e não o 2º ou 3º). Aí o reinado da França se danou, porque não autorizou esse casamento, e ela colocava em risco a Bretanha casando-se com um estrangeiro, além de viúvo da rica Maria da Borgonha.

O reinado français anulou esse casamento e obrigou Ana a se casar com o Rei Carlos VIII da França. Foi uma infelicidade conjugal que Deus nos Acuda! O cara era “o fim da picada” ! E Ana engravidou 06 vezes e nenhum vingou. Somente 01, Orlando, nasceu, mas morreu criança (não confundir com aquele ministro que foi investigado pela PF, nem com Orlando Silva o cantor das multidões).

O rei Carlos morreu e Ana, aos 21 anos, deveria se casar com o próximo da linha de sucessão Luis XII, porém ele já era casado. Para ser rei, Luis XII disse que o casamento não havia sido consumado e pediu anulação. Lembro que, 07 anos antes, ele havia ficado noivo de uma menina de 03 anos que mancava, Margarida da Áustria, apelidada de Coxa, daí foi fácil devolvê-la ao pai, aliás, Graças a Deus pela liberdade da criança. E eu não sei como a Globo já não gravou esta história em novela!

Então ele se casou com Ana em 1499. Tiveram duas filhas, uma Cláudia se casou com Francisco I da França, e Renata que se casou com Ercole II D’ Este (um homem com este nome confuso não pode ser feliz!), duque de Ferrara (não confundir com o carro da Fórmula Um). Ana, além de rainha da França, era ao mesmo tempo soberana das regiões italianas da Cecília, da Apúlia, da Calábria e de Nápoles, além de Rainha de Jerusalém e duquesa de Milão (“é mole ou querem mais?”). Quando Ana morreu, em 1514, a Bretanha foi anexada à coroa francesa.

Essa Ana foi notável, uma feminista no seu tempo. Construiu Catedrais, foi peregrina fervorosa (uma espécie de Rainha Silvia da Suécia que vive viajando pelo mundo).

Todos os lugares por onde passei na Bretanha, nossa guia portuguesa, Isabel,dizia, “Ana esteve aqui, fez isso, fez aquilo”. Claro que Ana, inteligentíssima, descobriu que viajar era uma forma de poder, porque “sacou” que as grandes navegações eram a globalização e a internet do seu tempo. E foi aí que tudo começou, embora a Rede Globo exija que todo brasileiro acredite que foi Roberto Marinho quem inventou a globalização.

Mulheres inteligentes e independentes, com grana e poder, tornam-se embaixatrizes de seus reinados, países, etc. As independentes classe média (a velha classe média, e não essa classe média fajuta recém-criada pelo governo brasileiro) fazem poupança economizando, suam para viajar com o objetivo de buscar a verdadeira história social do mundo, onde fazem mil fotos e, quando voltam, oram: Senhor, fazei com que meus amigos olhem todas essas fotos.

E para concluir, admiro Ana da Bretanha, feminista do seu tempo. Fazia trabalho social.

Estimulava o fortalecimento das famílias, pregando a ampliação de suas casas. Quando a família não tinha dinheiro, ela dava grana para que as casas fossem ampliadas. Lembrei-me de Marx e Engels em “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, donde se conclui que Ana não foi marxista. Porém, inspirou o velho Marx.

Adorei a Bretanha, por ter sedimento sua cultura bretã e porque soube incorporar na sua sociologia dois espaços. De um lado o mar, com sua escola náutica, e o efetivo desenvolvimento comercial dos frutos do mar (não é como no Nordeste do Brasil, deixe o peixinho aí em paz no mar...), e o granito na sua costa. Do outro lado a terra, com a economia forte de cereais, gado, suínos, e derivados (AH! Os queijos! O camembert, pasta mole, casca de veludo, sabor intenso!).

Uma curiosidade. Na Bretanha tem santo para tudo, inclusive a famosa festa de “N. S. do Perdão”. Lá, pode pecar à vontade e depois pedir perdão. E aqui, termino o samba-enredo Ana da Bretanha e, quem sabe, algum carnavalesco da Sapucaí aproveite.

ESCRITO POR MARLENE VAZ

POSTS RECENTES

bottom of page