Filme: O Regresso
- marlavaz
- 10 de fev. de 2016
- 2 min de leitura

Direção: Alejandro Gonzaléz Iñarritu
Roteiro: Mark L. Smith
Romance: Michael Punke, baseado na historia real de Hugh Glass
Ator principal: Leonardo DiCaprio
Filmado em 2015, lançado em 2016
Só assistam a este filme se estiverem preparados para se deprimir.
Trata-se de um filme perturbador, colocando em xeque a natureza humana, numa expressão de que o ser humano pode voltar ao primitivismo a depender da situação vivida, submetendo-se ao paradigma de que somos todos selvagens.
A perda do filho do personagem principal, em circunstâncias trágicas, mostra de que se trata do mais alto grau de estresse que mãe e pai podem ser expostos.
O significado do regresso é, sob minha interpretação filosófica, a volta do ser humano ao pó de onde veio na perspectiva de misturar-se a outros elementos da natureza, para encontrar-se com o pó daqueles que lhe antecederam. O personagem principal, Hugh Glass, diz ao filho morto sobre a terra e embaixo das árvores da floresta: “ Filho, estarei sempre aqui”. E no final do filme esta promessa é comprovada.
O violento preconceito racial americano, que até hoje persiste, bastando para isso observar o conteúdo da analise dos discursos dos candidatos do partido republicano nas eleições de 2016, é expresso nesse filme na repetida frase dos desbravadores americanos referindo-se aos índios peles-vermelhas: “Eles são os pretos do mato.” Índios que eles tomaram as terras e os assassinaram, sem contar o estupro de mulheres índias.
Di Caprio merece o Oscar, não porque Hollywood nunca lhe tenha dado a estatueta, mas porque a interpretação supera o galã. É tão verdadeiro seu Hugh Glass, que convence. O cinéfilo gruda o olho, o tempo inteiro, nas expressões faciais e corporais desse ator.
A fotografia é primorosa! Água correndo nos pés das árvores da floresta é uma cena fascinante, logo no início do filme. Aí você pensa, nunca vi algo assim antes no cinema.
Preparem-se. Não é um filme agradável. É monstruoso.
Porém, sou capaz de assistir mais uma vez, para aprender mais um pouco sobre a fragilidade da natureza humana. O ser humano não é sempre anjo. Porém, o cruel é quando solta todos os demônios, para sobreviver. E, ainda assim, é humano.
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