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Sentada à Mesa com Monet



Além da alegria que a amiga Geni Wolf me proporcionou chegando de surpresa no café da manhã no hotel em Buenos Aires, ela me presenteou com um livro deslumbrante: “À Mesa com Monet”. Em 1883 Claude Monet se instalou, definitivamente, em Giverny, com sua segunda mulher, Alice. No local, ele começou a criar um ambiente gourmet, harmonizando com seus quadros. A natureza que ele plantou e manteve um séquito de comandados para cuidar, tornou-se a sua inspiração para pintar. É o com seus biógrafos chamaram de uma mesa na virada do século XIX. Creiam, Monet provou que uma casa tem alma. A alma de Monet instalou-se na cozinha, na mesa e nos jardins de Giverny. Ele vai desaparecer nunca!


Monet está em tudo da casa. Mas nunca tocou numa panela, apesar de adorar comer. Sua mesa teve uma só pretensão: servir aos convidados pratos maravilhosos executados com os produtos da horta e do galinheiro. Constantemente recebia Degas, Matisse, Rodin, Clemenceau, entre outros, porém ele sentiu-se magoado porque Proust o citava nos seus romances e se encontrava com ele em Paris, mas nunca foi comer em Giverny. Eram sempre almoços, porque Monet precisava acordar cedo para aproveitar a luz da manhã para pintar.


Monet nunca cozinhou, mas tinha um livro onde anotava receitas, alterava as mesmas introduzindo alguma erva, ou mesmo a forma do preparo. Ele dizia que falar de gastronomia era um assunto que exigia delicadeza (concordo). E as suntuosas e belíssimas louças? E as chiques toalhas de mesa, sempre em amarelo claro? A bebida mais apreciada era o champanhe Veuve Clicquot.


Já visitei a casa de Monet em três estações do ano. Falta ainda visitar na primavera.


Uma incrível curiosidade. Na época da 2ª Guerra, 1940, Blanche, uma das filhas de Monet, escreveu ao Conde Metternich pedindo que protegesse a casa de Monet, em Giverny. Por isso foi colocado um aviso na porta da casa: “Casa de Monet. Proibida a Entrada das Tropas de Ocupação”.


Sentei-me à mesa com Monet, estou estudando suas receitas e vou aventurar-me a fazer alguns dos pratos. Amigos, à table, à table com Monet!


Sabe-se que Paris “vale uma missa”. Monet vale uma “MESA”! E gente como Geni vale amizade eterna.


Livro: “À Mesa com Monet” (Les Carnets de Cuisine de Monet)

Texto: Claire Joyes

Fotografias: Jean Bernard Naudin

Editora: SEXTANTE – Artes.

ESCRITO POR MARLENE VAZ

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